06 Aug 2025

O que torna um agente de IA realmente últil? Uma análise da infraestrutura tecnológica

Agentes de IA estão surgindo em todos os lugares: em apresentações, demonstrações de produtos, planos de inovação e reuniões de estratégia. São descritos como autônomos, inteligentes, e até mesmo colaborativos. E ainda assim, para muitos líderes de comunicação e análise, uma pergunta fundamental continua sem resposta:

O que torna um agente de IA verdadeiramente eficaz para a sua organização?

É uma pergunta justa, especialmente em um cenário em que o termo "agente" é aplicado a tudo, desde chatbots inteligentes até plataformas de orquestração com multiagentes. Embora a interface pareça sofisticada, o verdadeiro valor de um agente de IA está na estrutura que o sustenta: como ele é arquitetado, como se conecta às informações e como executa um fluxo de trabalho.

Entender a infraestrutura tecnológica de um agente não é apenas uma questão técnica. Para os líderes que precisam implementar IA com responsabilidade, isso representa a diferença entre uma demonstração interessante e um sistema robusto. 

Por que a arquitetura do sistema é mais importante do que o visual da interface

À primeira vista, muitos agentes de IA parecem semelhantes: uma interface conversacional, um resumo textual, uma tarefa automatizada em segundo plano. No entanto, os resultados que esses agentes geram — assim como os riscos envolvidos — estão diretamente ligados à forma como suas diferentes camadas são estruturadas e interagem entre si.

Um agente de IA realmente últil não apenas gera respostas. Ele executa três funções com excelência:

  • Sabe o que observar (entradas de dados confiáveis)
  • Sabe como interpretar esses dados (raciocínio e lógica)
  • Sabe o que fazer com as informações obtidas (entrega e ação)

Os detalhes de como cada camada funciona — e de como elas se conectam — determinam a eficácia do agente. Caso a camada de entrada do agente dependa de web scraping e a camada de raciocínio é uma caixa-preta, o risco de resultados imprecisos ou enganosos é muito alto. Mas se o agente se baseia em conteúdo estruturado e licenciado, com um fluxo de trabalho transparente, esse agente se torna um ativo confiável. 

Analisando a infraestrutura dos agentes

Pense em um agente de IA como um sistema composto por cinco camadas interconectadas:

  1. Camada de dados — É onde o agente "enxerga". Pode ingerir dados jornalísticos licenciados via API (como LexisNexis), registros internos de campanhas ou exportações de CRMs. A qualidade e a estrutura dessa camada impactam diretamente todas as outras camadas.
  2. Camada de raciocínio — Alimentada por grandes modelos de linguagem ou lógica personalizada, é onde o agente interpreta os dados. Pode classificar sentimentos, identificar stakeholders-chave ou comparar eventos atuais com incidentes anteriores.
  3. Camada de memória — Permite que o agente recupere contextos anteriores, como variações de sentimento registradas ao longo do tempo ou diretrizes da marca. Agentes sem memória operam isoladamente; com memória, eles evoluem.
  4. Camada de orquestração — Atua como um maestro. Indica ao agente quando executar cada tarefa, como coordenar as etapas e quando escalar para um humano.
  5. Camada de resultado — É a apresentação do agente para o usuário, o que o usuário final visualiza. Pode ser um alerta no Slack, uma atualização em um dashboard ou um briefing para stakeholders, sempre entregue no tom, formato e momento certo para gerar valor imediato.

Mais importante do que conhecer os nomes das camadas é compreender que a verdadeira inteligência do agente está em como essas partes funcionam em conjunto. 

Por que agentes de IA devem estar no radar das equipes de comunicação

Agentes de IA não são apenas mais um tipo de automação. Representam uma nova camada de inteligência nos seus fluxos de trabalho. E, ao contrário dos dashboards ou alertas tradicionais, esses agentes podem agir em tempo real, através de múltiplas fontes de dados, sem precisarem de orientação constante.

Mas com essa autonomia vem também responsabilidade. Caso você não saiba quais dados o agente está ingerindo, quais etapas de raciocínio estão sendo aplicadas ou como o agente está gerando suas respostas, você estará operando no escuro.

Por isso, a liderança precisa ir além da interface e fazer perguntas mais relevantes:

  • De onde o agente está obtendo suas informações?
  • Essas informações são licenciadas, verificadas e compatíveis com as nossas políticas?
  • Temos controle sobre o comportamento do agente ou, pelo menos, capacidade de auditar?

Essas perguntas não são teóricas — são operacionais. E estão se tornando cada vez mais urgentes à medida que agentes de IA passam a ser incorporados em processos como gestão de reputação, visibilidade de liderança e engajamento com stakeholders. 

Como criar um agente em que você pode confiar

Não é preciso construir toda a infraestrutura do agente do zero para que ele seja eficaz. Na verdade, a maioria das equipes hoje está aproveitando uma combinação de APIs, frameworks de orquestração e plataformas visuais para montar sistemas que realmente funcionam.

O segredo está na intencionalidade:

  • Use dados licenciados para GenAI para evitar desinformação e riscos legais;
  • Defina com clareza as etapas de raciocínio do agente e os critérios para escalonamento;
  • Entregue os resultados nos ambientes em que as equipes já operam, sem exigir novos logins ou dashboards.

Quando estruturados com intencionalidade, os agentes deixam de ser soluções experimentais e passam a atuar como extensões confiáveis e integradas às equipes.