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O escândalo da Wirecard e as lições para o due diligence

Como o escândalo da Wirecard se tornou uma lição para o gerenciamento de due diligence

Após uma investigação de vários anos, conduzida pelo Financial Times, a Wirecard, processadora de pagamentos alemã, reconheceu a possibilidade de uma grande fraude contábil, por supostas atividades comerciais realizadas no sudeste da Ásia no final de junho. Esse recente caso de suposta má conduta financeira enfatiza, mais uma vez, a necessidade de um gerenciamento abrangente de due diligence, em particular no setor de serviços financeiros.

Wirecard: De herói a nada após os crimes financeiros virem à tona

Como resultado de investigações em andamento sobre supostas atividades fraudulentas, a Wirecard, uma empresa que há apenas dois anos havia sido reconhecida como uma das fintechs mais bem-sucedidas da Europa, anunciou recentemente que entrará com pedido de falência. Fundada em Munique em 1999, a empresa, especializada em processamento de pagamento, rapidamente ganhou fama com seu constante crescimento, conquistando a confiança de investidores e de watchdogs1 como BaFin - Autoridade Federal de Supervisão Financeira Alemã - que em 2019 reforçou a importância da Wirecard para a economia alemã.

As reclamações atuais concentram-se na contabilidade fraudulenta que ocultava a inexistência de 1,9 bilhão de euros nos registros oficiais da Wirecard. Os jornalistas investigativos do Financial Times concentraram suas pesquisas na contabilidade exagerada da Wirecard nos últimos anos, em várias ações judiciais, e no anúncio da gigante da auditoria EY que, em abril, divulgou a descoberta de práticas contábeis questionáveis.

A rápida ascensão da Wirecard, desde o início do novo milênio, agora se transformou em uma descida ainda mais rápida, com os (ex) alto funcionários da empresa investigados em tribunais da Alemanha e de outros países.

Lições aprendidas? O alto custo da falha no due diligence

Pode-se esperar que o escândalo da Wirecard tenha um impacto duradouro no setor de serviços financeiros na Europa e em outros lugares. Em resposta a isso, instituições não-governamentais de vigilância, como a Transparency International2, enfatizaram mais uma vez sua demanda por uma reforma na legislação de supervisão financeira, bem como uma lei abrangente de proteção a quem denunciar ocorrências.

A cadeia de erros que levou à implosão da Wirecard pode ter se iniciado na falta de um gerenciamento de due diligence abrangente e sistemático. Especialistas do setor apontaram inúmeras falhas aparentes em relação à governança contábil passada. Os negócios da Wirecard pareciam muito dependentes de aquisições para a expansão da empresa permanecer sustentável. Os auditores parecem ter interpretado mal os riscos decorrentes das práticas comerciais questionáveis da Wirecard, o que levou à sua queda repentina.

Como resultado direto, a Transparency International sugere que as empresas de auditoria sejam responsabilizadas legalmente pelo potencial fracasso em seus deveres de due diligence. Isso, juntamente com o pedido de uma reforma fundamental das autoridades de supervisão financeira, poderia ser o começo de possíveis mudanças no setor desse escândalo.

Como identificar red flags3 de risco de corrupção

O atual caso da Wirecard destaca a importância de um gerenciamento abrangente de due diligence para o setor de serviços financeiros. Para investidores e partes interessadas, verificar a autenticidade e a viabilidade financeira de entidades como a Wirecard deve ser uma preocupação de gerenciamento de risco. No entanto, dada a natureza acelerada e global do setor de serviços financeiros, pode ser difícil identificar possíveis red flags, como contas insustentáveis ou infladas.

As soluções de due diligence orientadas a dados podem apoiar as entidades na mitigação dessas red flags e reduzir os riscos potenciais de negócios financeiros e ESG4. Ao oferecer uma abordagem baseada em dados para o due diligence, as empresas podem desenvolver uma avaliação de risco de 360 graus. Independentemente de as organizações recorrerem a uma plataforma de due diligence pronta para uso, ou à integração de dados relacionados a risco em aplicativos e sistemas internos de análise, elas precisam de uma gama completa de fontes, incluindo notícias gerais e negativas, registros legais, press releases e relatórios de empresas, sanções e PEPs. Essas fontes podem fornecer informações substanciais sobre o setor de serviços financeiros e apoiar as entidades em seu gerenciamento de due diligence.

A queda da Wirecard deixou claro que os investidores e as partes interessadas precisam realizar uma verificação completa dos antecedentes da saúde financeira de uma empresa, bem como uma revisão do histórico pessoal e profissional dos indivíduos envolvidos, que pareciam estar ausentes nesse presente caso. O acesso a conteúdo abrangente e global, associado a ferramentas sofisticadas orientadas por Inteligência Artificial, fornecem a clareza necessária para enfrentar possíveis riscos financeiros e resguardar a reputação da sua empresa.

Resta ver como o setor de serviços financeiros vai se recuperar do choque causado pelo escândalo da Wirecard. No entanto, uma reforma progressiva dos órgãos de supervisão financeira em combinação com um processo de due diligence aprimorado para mitigar casos semelhantes no futuro, devem ser pelo menos duas das lições a serem tiradas disso.

Notas de tradução

1 Watchdogs: é uma pessoa ou comitê cujo trabalho é garantir que as empresas não ajam de maneira ilegal ou irresponsável.

2 Transparency International: organização não-governamental internacional "que luta por um mundo no qual governos, empresas, a sociedade civil e a vida das pessoas sejam livres de corrupção", fundada em 1993.

3 Red flags: bandeira vermelha; indicação de alto risco.

4 ESG: Melhores práticas ambientais, sociais e de governança.

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